Estamos em um mundo em constante evolução. Quando comecei a trabalhar em bancos em meados dos anos 2000, os projetos duravam 2 ou 3 anos para serem concluídos, atualmente as “sprints” duram 2 ou 3 semanas para entregar valor para os clientes. Mas como isso é possível? O que mudou de lá para cá?
Em um projeto tradicional, tudo começava com um plano de negócio bem elaborado, com uma centena de páginas descrevendo em detalhes toda a estratégia de marketing, vendas , custos, infraestrutura, tecnologia, projeções financeiras, cronogramas, milestones etc. Só isso demorava alguns meses para ser elaborado e normalmente envolvia dezenas de pessoas com custo e tempo extremamente elevados. De lá para cá o mundo mudou bastante, as “Big Techs” como são conhecidas as grandes empresas de tecnologia como Google, Amazon, Facebook, Apple, trouxeram maior um dinamismo para o mercado fazendo com que as empresas tradicionais revissem os conceitos de projetos e se tornassem mais “digitais”.
O exército americano utiliza um termo conhecido como VUCA para descrever a volatilidade (volatility), a incerteza (uncertainty), a complexidade (complexity) e a ambiguidade (ambiguity) do mundo que estamos vivendo atualmente. Com isso um projeto tecnológico que antigamente demorava 3 anos para ser concluído não faz mais sentido, pois nesse período teremos uma atualização exponencial da tecnologia e modelos novos de negócios.
Mas e ai? Como reduzir um projeto de 3 anos para 3 semanas? A resposta é simples! Seguir a metodologia utilizada pelas Big Techs e Startups, onde o cliente é colocado no centro no negócio (Customer Centric) e a gestão é feita por produtos que mais se adequam as necessidades dos clientes, não mais por longos projetos. A figura abaixo ilustra bem como uma metodologia de MVP (Minimum Viable Product) pode trazer benefícios em curto prazo em comparação com metologia tradicional de gestão de projetos.
Nessa nova realidade, o tradicional modelo de plano de negócios foi substituído por um processo muito mais simples e bastante eficiente que dá aos gestores uma visão geral do negócio que é o “Lean Canvas”, bastante explorado no livro Business Model Generation: Inovação Em Modelos De Negócios de Alexander Osterwalder e Yves Pigneur. Particularmente eu recomendo a utilização da versão digital , o Miro.
Com isso, novas posições e especialidades foram criadas nas empresas que já nasceram digitais ou passaram pelo processo de digitalização. Atualmente quem faz a gestão dos produtos são os PO (Product Owners) e PM(Product Managers). Mas quais as responsabilidades de um PO e de um PM? Segue abaixo uma ilustração:
Segundo o artigo de John Elman, o principal objetivo de um PM é “Ajudar seu time(e sua empresa) a entregar o produto certo para seus usuários”, garantindo que todos estejam planejados adequadamente as entregas, com clareza do objetivo e foco. E que todos estejam sempre alinhados quanto às decisões do produto, como elas conversam com os objetivos de negócio e por quais razões as coisas mudaram.
Legal, até agora entendi que os processos mudaram, a visão mudou, mas minha empresa é grande, como fazer as gestão de um time maior? Com vários produtos e diferentes serviços?
Calma, existem vária formas de controlar isso, porém o mercado está utilizando como padrão o conceito de Squads e Tribos idealizado pelo Spotify onde a organização básica é a matriz com times orientados vertical e horizontalmente. Os grupos orientados verticalmente são agrupados por produto, ou seja, por features ou grupos de features correlacionados. Os grupos orientados horizontalmente (chapters e guilds) são agrupados por skill ou interesse, e têm como objetivo a troca de melhores práticas, experiências, e desafios, onde a empresa tenta obter sinergias internas de conhecimento e produtividade.
O objetivo final é otimizar os recursos para que os produtos tenham uma aderência maior às expectativas dos clientes, resolvendo problemas que muitas vezes eles nem sabiam que tinham como é o caso do próprio Spotify, Uber, Airbnb que se utilizam dessas técnicas para ver a aderência do seu produto ao mercado.
Por fim, fica claro que essas técnicas de gestão por produto são muito mais eficientes e produtivas e um novo mundo exponencial do que as técnicas de gestão de projetos utilizadas em décadas passadas onde as mudanças eram muito menos constantes.
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